No século XVII, Jean de La Fontaine reescreveu e adaptou as fábulas de Esopo, além de criar novas histórias. Nesta época, valorizavam-se histórias sobre heróis belos e bons, leais e justos, mas os poderosos enriqueciam explorando os camponeses. Para denunciarestas injustiças, La Fontaine, criticava o comportamento da sociedade contando fábulas em versos, pois a poesia, além do teatro, era muito valorizada. Foi neste tempo que começou a separação entre mundo infantil e mundo adulto. As histórias
foram adaptadas para crianças retirando-seos elementos violentos, considerados prejudiciais à educação.Na realidade nem sempre o bem vence o mal e La Fontaine questionava os valores da época e denunciava as misérias da sociedade usando a ironia, pois conspirar contra poderosos levava à morte. Conta-se que para protestar contra a prisão injusta de seu amigo Nicolas Fouquet, superintendente de finanças do rei da
França, Luís XIV, ele publicou a seguinte fábula:
O Lobo e o Cordeiro
Na água limpa de um regato,
matava a sede de um Cordeiro,
quando, saindo do mato,
veio um Lobo carniceiro.
Tinha a barriga vazia,
não comera o dia inteiro.
- Como ousas sujar
a água que estou bebendo?
- rosnou o Lobo, a antegozar
o almoço. - Fica sabendo
que caro vais me pagar!
- Senhor - falou o Cordeiro -
encareço à Vossa Alteza
que me desculpeis, mas acho
que vos enganais:bebendo,
quase dez braças abaixo
de vós, nesta correnteza,
não posso sujar-vos a água.
- Não importa. Guardo mágoa
de ti, que ano passado,
me destrataste, fingido!
- Mas eu nem tinha nascido.
- Pois então foi teu irmão.
- Não tenho irmão, Excelência.
- Chega de argumentação.
Estou perdendo a paciência!
- Não vos zangueis, desculpai!
- Não foi teu irmão? Foi teu pai
ou senão teu avô -
disse ao Lobo carniceiro.
E ao Cordeiro devorou.
Onde a lei não existe, ao que parece,
A razão do mais forte prevalece.
Fábulas de La Fontaine. Tradução de Ferreira Gullar.
Rio de Janeiro, Revan, 1997.
Tantos argumentos para nada? Sempre a decisão dos poderosos sem levar em conta a opinião do cordeirinho?
Sabemos que sem padrões de justiça não é possível administrar a sociedade. A corrupção atinge todas as esferas da sociedade. Estamos num clima de desconfiança generalizada e o desprezo à lei dá lugar ao oportunismo, incentivando comportamentos desonestos.O que podemos e devemos fazer além de
ficar tão somente criticando, pois o povo diz que falar é fácil, difícil é fazer?
É verdade Fátima.
ResponderExcluirVivemos numa sociedade desprovida de ética, esta ética de viver com seriedade.
E quanto mais alto o escalão, mais sujeiras no topo...
Obrigada pelo coment no Portal..
Vc como sempre, enriquece minha casa com sabedoria..
Beijssss
Blig show!
ResponderExcluirAgora, falar de etica acho meio complicado...
O que é etica?Pra quem?Onde?
Mas, é isso...
Abraços
Há um médico americano que diz que esta falta de ética é resultado de uma educação voltada ao dinheiro, ao sucesso, à competição, à valorização de quem tem muito, ao status, etc. Não se ensina amor e solidariedade na escola, não como elementos protagonistas da nossa sociedade, mas sempre como figurante na história.
ResponderExcluirAgora não se pode esperar que a ética se desenvolva em toda sua plenitude dentro do capitalismo. É preciso pensar em outra forma de organização social.
Mudando de assunto, convoco todos os amigos blogueiros a reclamar para o Blig a não inserção do blig-link no comentários. Com certeza está havendo um erro de programação.
Um abraço
tubaranhao.blig.ig.com.br
Cara Fátima,
ResponderExcluiro blog de vocês está maravilhoso.
Meus parabéns!
Visite o meu.
Vou postar alguns textos em breve.
Um abraço,
Anna Paula
http://midiasnaescola.blogspot.com